Caxias do Sul, uma das maiores cidades do Rio Grande do Sul e um importante polo industrial da região, também abriga uma realidade que muitas vezes é invisível para grande parte da população: a vida das garotas de programa. Em meio ao desenvolvimento econômico e à cultura do trabalho, essas mulheres desempenham um papel social controverso e marginalizado. A prostituição na cidade ocorre tanto em ambientes de luxo quanto em áreas mais populares, refletindo o contexto socioeconômico diversificado de Caxias do Sul.
As garotas de programa em Caxias do Sul, como em muitas outras cidades brasileiras, frequentemente se envolvem nessa atividade por necessidade econômica. A falta de oportunidades formais de trabalho, combinada com a alta demanda por serviços sexuais, faz com que muitas mulheres vejam a prostituição como uma alternativa para sustentar suas famílias e alcançar uma maior independência financeira. A cidade, com sua forte economia baseada na indústria e nos serviços, atrai trabalhadores de diferentes áreas, o que acaba criando uma demanda diversificada para esses serviços.
Em Caxias do Sul, as garotas de programa operam em diferentes contextos. Algumas trabalham de forma independente, utilizando redes sociais e aplicativos para encontrar clientes de classe média e alta, oferecendo serviços em motéis, hotéis ou apartamentos privados. Outras, no entanto, atuam em áreas públicas ou casas de prostituição, muitas vezes enfrentando condições precárias e inseguras. A diferença entre esses ambientes de trabalho reflete as desigualdades existentes na cidade e as oportunidades limitadas que essas mulheres têm de escolher onde e como trabalhar.
A vulnerabilidade é um aspecto constante na vida das garotas de programa em Caxias do Sul. Além do estigma social e do preconceito, muitas enfrentam violência física, psicológica e sexual por parte de clientes e cafetões. A falta de regulamentação e de proteção legal para essas profissionais agrava ainda mais os riscos, especialmente para aquelas que atuam em áreas mais marginalizadas da cidade. O medo de retaliações e a desconfiança nas autoridades impedem muitas dessas mulheres de buscar ajuda ou denunciar crimes, perpetuando um ciclo de abuso e exploração.
O estigma em torno da prostituição é uma das maiores barreiras que as garotas de programa em Caxias do Sul enfrentam. Muitas delas escondem sua profissão de familiares e amigos, temendo o julgamento e o preconceito. Em uma cidade que valoriza fortemente o trabalho formal e a moralidade tradicional, a prostituição é vista como uma escolha moralmente condenável, o que contribui para a exclusão dessas mulheres da vida social. Esse isolamento muitas vezes afeta a saúde mental das profissionais, que têm pouco ou nenhum acesso a redes de apoio emocional.
Embora o cenário seja desafiador, existem iniciativas locais que buscam oferecer apoio às garotas de programa em Caxias do Sul. Organizações não governamentais e coletivos feministas tentam fornecer assistência jurídica, médica e psicológica para essas mulheres, além de lutar pela regulamentação da prostituição como profissão. A longo prazo, a criação de políticas públicas que ofereçam alternativas de trabalho, bem como a conscientização da sociedade sobre os direitos das trabalhadoras sexuais, são essenciais para promover uma realidade mais digna e segura para essas mulheres.